Pode parecer engraçado, mas desde quando eu tinha 11 anos vivia cheia de problemas na cabeça. E não tinha nada relacionado com o que eu passava dentro de casa (minha família sempre foi maravilhosa), mas sim com o que havia fora dela, no mundo. Sempre soube que tinha alguma coisa errada, sabia que não era normal sair do meu condomínio e ver tudo aquilo que insistia a cada dia piorar. Perguntava-me por que aquelas pessoas não tinham uma casa para morar e criar seus filhos. Mas essa dúvida foi passageira, teve um momento que passei a entender melhor como funcionava esse mundo-cão em que tive o azar de nascer.
Pronto, já sabia qual seria meu futuro: ia crescer e tentar de alguma forma ajudar á todos que precisassem de mim, iria fazer de tudo para que qualquer coisa que tivesse ao meu alcance fosse resolvido, ou pelo menos, melhorado... Mas não deu tempo. TEMPO. Nunca tinha parado para pensar no tamanho da sua importância. Na verdade, isso só foi acontecer no momento em que nos deram no máximo 10 horas para dizermos adeus à tudo e à todos que vivemos e conhecemos até aquele instante.
Mas que falta de sorte, logo o tão falado “fim do mundo” virou realidade, bem que poderia ser o Papai Noel ou Super-Herói. É, mas não foi. E a única coisa que eu pensava era: “Que droga, só porque eu ia começar a fazer alguma coisa pelo mundo isso acontece?”. Fiquei desesperada, tudo ia se acabar e até aquele momento o dia mais feliz da minha vida havia sido meus 15 anos e não o dia em que iria salvar vidas, me sentir útil e completa como ser humano.
O pior foi ver a reação das outras pessoas. Tenho quase certeza que elas não entederam que o mundo ia se acabar, que todos iam morrer, que nunca mais iam poder correr debaixo da chuva acompanhado da pessoa amada. Eles não podem ter entendido. Caso isso tivesse acontecido, toda aquela violência sem motivo não teria acontecido nas ultimas 10 horas de vida do planeta terra.
Independente de tudo que aconteceu entre os nossos últimos suspiros carregados de medo e o fim, eu só penso em uma coisa agora: quantas pessoas poderiam ter feito alguma coisa para impedir que o final tenha sido como foi. Quantas pessoas poderiam está indo dormir agora, deitar na cama e pensar: “Eu sou um Super Herói”.
(bella v.)
